sexta-feira, 19 de outubro de 2012

Voltando para a casa com mantimento nas mãos (Salmo 126)

O salmo 126 está localizado na Babilônia, no exilio (a partir de 587 a.C.). Havia um sentimento nacionalista. Uma emoção em relação a saudade da terra, bem como um desejo de retornar à casa que fazia parte dos pensamentos, por todo instante – isso enquanto se vivia no lugar que não podia chamar de “seu”. Em todo tempo, o saudosismo se apresentava em cantarolar as canções que faziam parte da terra natal, da Jerusalém, do Sião sagrado. Eram músicas que transportavam os corações e mentes dos saudosos – do povo de Deus instalado na Babilônia. Eram sonhos esperançosos que sabiam e aguardavam por acontecer. Intensa foi a expressão do salmista (v.1), quando eles se encontraram de supetão, no momento que Javé alterou o cativeiro – é a saída do cativeiro indesejado, rumo ao cativeiro sonhado. “Estávamos como quem sonhando...”, trocando em miúdos, não acreditávamos o que estava acontecendo, não parecia verdade, me belisca! Foi o momento histórico: “a boca se encheu de riso e a língua de jubilo”. Foi um momento de euforia onde a alegria não se cabia, e onde e as palavras foram tomadas por expressões festivas de enaltecimento a Javé. O momento foi testemunhal. Outros povos perceberam o Deus que age. A constatação é que Javé é Deus de benfeitorias. Ele olha para o povo e luta em favor deste. Age pelos homens, pelo seu próprio povo. Ao estranho foi no mínimo curioso. A fofoca sobre o Deus Javé que age em favor dos jerusalemitas exilados, correu solto entre todos. No v.3 o salmista assume o que virou noticia: “grandes coisas Javé fez conosco: estamos contentes”. Neste instante, o texto conclui a satisfação pela ação de Deus. O salmo poderia finalizar aqui. Temos a impressão de que foi dito tudo. No entanto, o v.4 aponta como se fosse uma petição anterior, ou uma confirmação daquilo que irá acontecer. Por se tratar de uma canção, temos a possibilidade de repetição da frase. O acréscimo é o deserto do Negeb – lugar árido onde chovia raramente, mas inundava a tal ponto que quando a chuva passava havia florescimento no solo. O lugar da infertilidade tornava-se fértil, mesmo que voltasse a ser deserto. A canção termina relatando que a fertilidade é alcançada na caminhada e no choro mesmo enquanto se semeia não sabendo se a semeadura vingará. Mas quando volta, tendo o resultado da colheita, volta com riso e com o conjunto de palhas colhidas nas mãos. São os feixes nas mãos que servem como trunfo de que valeu deixar as lágrimas semearem o árido Negeb. Essas são as grandes coisas que o Senhor faz: quem volta rindo mediante o choro anterior, volta rindo pra valer.

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