sábado, 11 de maio de 2013

Pai nosso, pão nosso, oração nossa - Mateus 6.5-13

Nosso texto está no evangelho de Mateus 6.5-13... Estamos localizados no Sermão da Montanha. É o momento da oração, onde Jesus tratará da oração. Antes de falar com Deus, Jesus ensina sobre falar com o próximo. E para chegar a Deus é necessário esbarrar nas pessoas (por meio do amor, da justiça, da ajuda). A oração, segundo Jesus, não carece dos olhares - ser observado não é essencial; orar junto sim, uns com os outros). Os fariseus conseguiam os olhares de todos (essa é a recompensa), pois eles querem elogios. No reino de Deus não há elogios, existem sim, atos que expressam gratidão uns com os outros, por motivo da dispensação do amor, da justiça e da ajuda. Veja que para Jesus, a oração judaica em alta voz não era mais o indicado, o referencial (onde alguém estivesse, no momento e lugar, parava-se para orar devido o horário sagrado da oração). A oração de Jesus é aquela que deve produzir efeito sem que necessite de testemunhas. Jesus nos mostra que falar com o Pai é falar com o Pai - apenas falar com o Pai! É uma relação nova, intimista, sem cerimônias, porém, não feita de qualquer maneira, de qualquer jeito, por isso então, Ele ensina. Mas a oração, ainda que seja em secreto, recolhida, muitas vezes no silêncio, ela é feita por todos, em relação a todos - "Pai nosso", "Pão nosso"). Temos narrativas de Jesus orando no monte, sozinho com o Pai. Jesus orava no monte não pelo poder do monte, mas pelo poder do tempo dedicado. De fato, no secreto, entre "Deus e eu", somente Ele ouve minhas orações, somente Ele vê quem sou e como estou, sabendo o que está dentro de mim. Somente Ele responde - é quando Ele tem a chance de falar. Estamos falando de orações que somente Deus é convidado à ouvir - existe a oração comunitária onde um conduz e todos devem concordar. A oração visível e audível dos fariseus tem por recompensa ser visível, expressando uma pseuda espiritualidade que não condizia com a sua hipocrisia - o anônimo sincero e quieto pode ser mai verdadeiro. O termo no v.6 "te recompensará" do Pai em segredo, é que Ele parou para ouvir - acredito que nem sempre Ele pára para ouvir orações sem segredo, porque são orações feitas para todos ouvirem, menos Deus. A prova que Ele pára para nos ouvir é que não precisamos fazer repetições. Jesus valoriza o ouvir do Pai - o Pai ouve de verdade, e não necessita ser sempre lembrado, pressionado... Os pagãos (gentios) não estavam habituados a falarem com um Deus tão próximo e tão atento. Os pagãos gritavam, insistiam. No entanto, somente o Pai conhece as necessidades - Pai é quem conhece as necessidades. Jesus fala "vosso Pai" v.8, Aquele que ouve com atenção. Portanto, orareis assim: Pai nosso que estais no céu - "Pai nosso" do quarto secreto, "no céu", não somente do quarto. O quarto e o céu são o mesmo ambiente onde Deus está. Santificado seja o Teu nome - o "Teu nome" está acima de todos e de tudo, tenha Ele seu merecido lugar. Venha o Teu reino - desejamos Tua presença. Faça-se a Tua vontade - e que tal presença predomine nas decisões - que sejamos obedientes. Assim na terra como no céu - a Tua vontade está em todo lugar. O pão nosso de cada dia, dá-nos hoje - o pão é nosso, e é Deus quem nos dá o alimento. É o pedido-concordância sobre o alimento garantido de cada dia. O alimento hoje mostra nosso limite e dependência, tanto que o alimento é "preocupação" para hoje. Perdoa-nos as nossas dívidas, assim como perdoamos aos nossos devedores - à Deus é sempre bom pedir perdão. Pedir perdão após nossa confissão é sinal de que há gratidão. E não nos deixes cair em tentação, mas livra-nos do mal - que a tentação não nos convença, e que estejamos livres da ação do diabo. São 7 pedidos: v.9b-10 são 3 pedidos (nome, reino, vontade); 11-13 são 4 pedidos (pão, perdão, vitória, liberdade). Nós oramos a Deus, inspirados em nosso relacionamento comunitário, ou relacionamentos pessoais - o secreto da nossa oração não é o isolamento ou o individualismo religioso. Toda a comunidade (irmãos) está no lugar do secreto. O secreto é somente o jeito de chegar a Deus. Se chegamos sozinhos na presença de Deus em nosso próprio nome, pelos nossos motivos, é como se estivéssemos na praça, na sinagoga, orando em voz alta, buscando nossa recompensa. Nas esquinas das praças ou na sinagoga, nossas orações são públicas, todos podem escutar, mas elas necessitam ser de interesse comunitário, de representação comunitária. Pessoalmente, vou em direção a Deus, inspirado pelos irmãos em minha volta, sobre o que eles podem fazer por mim, mas tão importante ainda é o que eu posso fazer por eles. A oração de Jesus é de contínua concordância com o Pai que é nosso - ... eu concordo que Teu nome está acima de todo nome; ... eu concordo que Teu reino é a nossa única saída e esperança; ... eu concordo que Tua vontade é boa, perfeita, agradável, envolvente, completa e convincente; ... eu concordo que o pão vem do Senhor, e entro na fila para pegar, para receber o de hoje; ... eu concordo que preciso do Teu perdão, da mesma forma que sei que não posso cobrar de ninguém, não posso julgar ninguém; ... eu concordo que a tentação me seduz, por isso desejo a sua ajuda; ... eu concordo que preciso de Ti para, muitas vezes, me livrar do diabo (maligno).

Eu estou indo, e você? Vai continuar aí? - Josué 24.14-25

É necessário lermos o livro de Josué 24.14-25... Anterior a este texto, Josué , as tribos de Israel (24.1-13). Daí ele traz à luz a história desde o chamamento de Abraão, passando pelos deuses de seus pais, pela caminhada de Deus com Abraão, com Isaac, Jacó e Esaú (Esaú se dirige para as montanhas, Jacó vai para o Egito). Vamos caminhar no texto, dentro de uma trajetória, onde visualizemos os segmentos que se dirigem ao nosso texto de estudo... Deus levantou Moisés e Arão. O Egito foi ferido e eles saíram de lá. Enfim, chegam na terra prometida. Josué é o personagem do nosso texto. Ele é o profeta que fala do passado. Suas palavras indicam que não houve luta da parte do povo que Deus cuidou ("não foi tua espada, nem com o teu arco" 24.12b). Deus mandou vespas para expulsarem os dois reis amorreus - 24.12. A terra foi dada sem que ninguém trabalhasse - a roça estava pronta. Quanto às cidades, não precisaram edificar, mas é chegar e morar - 24.12-13. O povo comeu bem: o produto da vinha e dos olivais vieram sem que houvesse o trabalha em plantar - 24.13. Depois que Josué narra a história e a glória da sustentação, ele orienta: 1) temam o Senhor (entreguem-se à sua presença; 2) sirvam-no inteiramente, completamente, e apenas a Ele (fidelidade); 3) joguem fora os deuses aos quais serviram os pais - o convite para jogar os deuses acontece duas vezes em nosso texto - 24.14,23. O povo demonstrou não ter para onde ir, assim como os discípulos no segundo testamento, em João 6 - o pão foi dado, o pão é dado. O povo percebendo a a real e futura ameaça em abandonar a Deus, confessa a Deus como Senhor. Josué deixa claro que a palavra do povo seria o testemunho que precisavam. A aliança, portanto, é renovada. É necessário notarmos que os texto do Antigo Testamento são para nós vivenciais, e não utilitários. Vivenciais por falarem ao nosso coração e razão, e sermos transformados. Se utilitários, para falarem ao nosso interesse material, interesse exteriorizado por meio do bem estar - está é uma ótica de muitos pregadores de pregação utilitária. Não há neste texto nenhuma condição de troca ou barganha, há uma chamada à consciência. A consciência que é antecedida pelas questões: quem somos? onde estamos? quem está acima de nós? o que devemos a Ele? A era de Josué é o desfecho das experiências do povo com Deus. O texto aplicado nos diz: - quem caminha com Deus precisa rever e reler esta caminhada constantemente - Josué fez uma releitura da vida do povo. A releitura da vida é positiva - o que Deus fez e tem feito. Nos remete para algumas perguntas: o que sou hoje? como cheguei até aqui? tudo isso me faz lembrar de Deus? quem chegou sozinho onde está hoje? quem lutou sozinho? quem adquiriu casa sozinho? quem comeu apenas do esforço de suas próprias mãos? É preciso rever, reler os deuses assumidos, para então, jogá-los fora... A releitura, a lembrança é o reconhecimento da importância daquilo que foi, para se chegar e compreender aquilo que é. Josué traz à tona um ato de valorização, para não perder Deus de vista, para querer enxergá-lo mais. - É preciso inclinar o coração a Deus - é lançado fora tudo o que nos seduziu, nos roubou o coração. Em troca, inclinamos o coração a Deus. Na verdade, inclinamos a vida (razão, sentimentos, decisões, emoções). Inclinar o coração a Deus é entregar-se em amor, sem medidas, sem limites. É um ato de adoração. Adoração sem pensar em dar presentes a Deus. Deus não carece de presentes, de agrados emocionais etc - olhando para Jesus, no segundo testamento, o ouro, incenso e mirra não possuem espaço no estábulo. Presente para Deus é lançar fora, jogar fora aquilo que está em seu lugar. - servir e obedecer a Deus é a única decisão - é uma decisão familiar, uma decisão coletiva. Tal decisão adquire força na coletividade. A Igreja se reúne para falar sobre quem Deus foi e é. Nós falamos ao mundo sobre quem é o Deus a quem servimos e serviremos. Nós lembramos entre nós mesmos qual é o nosso Deus. Incentivamo-nos a abandonar o passado, lançando-o fora, e comprometendo-se com o Deus que um dia se comprometeu conosco.

quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

Deus reserva o pão – corremos para buscá-lo, sabendo que é presente sempre e nunca estraga (Eclesiastes 11.1-8)

O Eclesiastes não é religioso, mas vivencial. O pregador que fala à assembleia, no livro do Eclesiastes (qohelet), posiciona a vida em lugar sagrado, apesar de andar nas ruas. O pregador, o Eclesiastes caminha nos lugares comuns, pois o valor da vida pensada por Deus não poderia ser vulgarmente considerada, mas tem valor sagrado. Não é apenas o espírito humano que visita a concepção do “sagrado”, mas também o homem em situações concretas. Diante do nosso texto, quase ao final do livro (11.1), o pão lançado sobre as águas é a estrada utilizada para ir e vir com o produto do trabalho. É suposto que o rei Salomão, sendo este nosso personagem na autoria, possuísse embarcação e realizasse negociações externas. De qualquer maneira são as águas o caminho do sustento da venda e compra. É o começo da trilha que conduz ao acreditar que Deus sustentará. Repartir com sete ou oito é a presença marcante dos números na cultura judaica (v.2). É a família, ou o grupo mais que aproximado. As águas presenteiam o produto do trabalho lançado. Mas tal produto não é exclusivo para quem lança o pão. Pois o pão é sinônimo de coletividade – a casa do pão possui portas largas. Repartir é um princípio de sabedoria, até porque a terra traz surpresas. Na mão de muitos, inicialmente sete ou oito, o produto do trabalho é preservado, onde não há falta para ninguém uma vez que o espirito de partilha igualmente é um princípio de sabedoria. Deus enche as nuvens (v.3). Não é apenas uma situação físico-metereológica, mas é a mão sustentadora de Deus sobre a terra que necessita da chuva. A mesma chuva graciosa, muitas vezes bruta, faz cair a árvore ou para um lado ou para o outro. Seja qual for a posição, a árvore não se move por vontade própria, e nem serve para ser lançada ao fogo, mas aproveitada pelos mesmos sete ou oito, na confecção de utilitários. Por que não pensar que Deus abençoa na ação e reação natural? Ao menos pelo olhar do sábio que possuía menores complicações em seu contexto. Será? É uma ótima atração observar e sentir o vento, mas quando o assunto é lançar e esperar o pão retornar, deixa-se de olhar pra cima – vento e nuvens (v.4), e passa a acompanhar o processo da terra. Até porque o vento é impreciso, como impreciso é o conceito da concepção humana no ventre materno – a desinformação sobre a formação dos ossos de uma criança (v.5), assim também é vaidosa nossa afirmação a respeito da ação de Deus. Em suma, faça o que sabes fazer. A semeadura é algo que sai de nossas mãos, bem como a colheita do resultado de tal. O que sabemos está abaixo de nossa cabeça, ainda assim com inúmeras imprecisões. O sábio ainda nos diz que é preciso vigiar o que se sabe fazer. Não largar mão da terra, descansando no acreditar que ela nos é escrava. O pão lançado e retornado não é jogado aos cantos, mas com sabedoria é cultivado (v.6). A luz é doce, nas palavras do sábio (v.7). Porque é na luz que tudo se realiza. Ele nos convida a aproveitarmos a claridade. Deus acende a luz para enxergarmos o pão cultivado. Mas dias de trevas estão presentes da mesma forma, não apenas por não enxergar, mas porque a sabedoria exige consciência das situações. Quando o pão vem em demasia é motivo de festa, quando não, guarda-se a festa para mais tarde. Não serão poucos os dias, pois em todos eles a vida se adapta (v.8). Contudo, o sábio nos avisa que tal vida é cercada pela vaidade. Pois é nas palavras de Jesus que encontramos a resposta: “ [...] não é a vida mais do que o alimento [...]? Observai as aves dos céu: não semeiam, não colhem, nem ajuntam em celeiros; contudo, vosso Pai celeste as sustenta [...]” (Mateus 6.25b-26). Evidentemente, a sabedoria em nosso texto se encontra por intermédio da experiência em não tornar tal sabedoria comum, na sugestão do sábio. O convite do sábio diz respeito a uma tomada de decisão e de direção nos procedimentos adotados. Essa é a Bíblia, a Palavra de Deus que nos empurra para melhores lugares. Deus conosco