sexta-feira, 20 de junho de 2014

Reflexão acerca do chamamento, da formação e ação pastoral com análise nos textos de Mateus 9.35-38 e Atos 20.28

Aos amigos e irmãos que abraçaram a ação pastoral como causa sem preço, sem prêmios, sem a necessidade de notoriedade, mas pelo desejo ardente e altruísta em tornar Cristo cada vez mais notório, por meio de suas próprias trajetórias, onde o rastro é o de Jesus – pegadas que marcam melhor nosso chão. A grande colheita é a razão do chamamento (Mt 9.35-38) Cuidai de vós mesmos, diz respeito à formação (At 20.28) Cuidai de todo o rebanho com responsabilidade dada pelo Santo Espírito, rebanho adquirido com sofrimento, é o significado da ação pastoral (At 20.28) Mateus 9.35-38 Jesus era camponês. Ele tinha uma linguagem de homem da terra (somente Marcos o trata como “carpinteiro” na parte “a” do texto de Mc 6.3a – Mateus o considera como “filho do carpinteiro”, no texto de Mt 13.55 – e Lucas relata como “filho de José”) – suas parábolas e outras palavras possuem o cheiro da terra, falam com dose de campo (árvores e os seus frutos, a seara e os trabalhadores, o semeador, a semente, joio e trigo, grão de mostarda, figueira estéril, parábola da figueira como aviso de um novo tempo, azeite, trabalhadores da vinha, colheita). Existe um fato que diz respeito a uma multidão sem direção, sem instrução, sem cuidado, em estado de miséria. A questão é que ovelha sem pastor é ovelha sem alimento, sem proteção contra o predador. No texto paralelo de Marcos 6.30ss., no momento que antecede a multiplicação, há fome, daí Jesus dá o alimento e pede que os trabalhadores distribuam o que se colheu na multiplicação – “deem vocês mesmos comida a eles”. É preciso pensar que a colheita está cheia (a colheita é o resultado de algo que já se plantou – Deus plantou, Ele é o Senhor, o dono da plantação). O olhar de Jesus é porque o povo está na miséria, esquecido, solitário! É preciso colher e servir as mesas. Jesus não está olhando para a Igreja dele, mas para os homens em geral – Jesus é o Pastor para todos os homens. Ele chama os discípulos para fazerem oração (“peçam ao dono da plantação”) para que levantem pessoas para alimentarem a humanidade. A colheita é o alimento que Deus já destinou aos homens. Deus já plantou aquilo que os trabalhadores irão colher e fornecer como alimento (o alimento é físico mesmo, e é também para a alma – o povo necessita estar com a “pançinha” cheia, e estar com seu interior repleto de Deus). Atos 20.28 Depois que o evangelho caminhou já na 3ª viagem missionária de Paulo – 60 d.C., ele reúne os presbíteros da igreja de Éfeso, e lhes orienta com ar de despedida (Paulo vai para Jerusalém). O intento inicial de Paulo é uma recomendação de cuidado para com os falsos pastores que viriam para criar um mercado religioso, na intenção de arrebanhar para si as ovelhas. Paulo quer deixar claro que os presbíteros não devem se vender, entrando na competição religiosa (At 20.29-30). Paulo atenta para que os presbíteros sempre avaliem de que lado eles estão. Qual é o time que joga com sinceridade, e quer apenas fazer o gol (o outro time quer dar “canelada” e ganhar o jogo na base da roubalheira). Mas os pastores confiados pelo Santo Espírito jogam honestamente. Os pastores confiados pelo Santo Espírito colhem para alimentar, e alimentam honestamente – até porque o alimento não veio deles, mas do dono da plantação. Em suma, o alimento está estocado. É tirar do pé e levar para as mesas (mesas que estão dentro, assim como mesas que estão fora da igreja, onde homens como “Levi” mora, e necessitam tornarem-se “Mateus”). Um trabalhador experiente como Paulo nos diz: “estejam atentos na vossa própria continuada formação: caráter, conhecimento, sensatez... “Preparem-se!”. Tenham um olho critico sobre sua forma de viver (não é um conselho legalista, mas de amigo-irmão) – “sejam felizes naquilo que vocês fazem: pastorear”, mas estejam satisfeitos com vosso modo de viver, pois a insatisfação contagia e contamina. É difícil ser pastor em meio ao caos – a vida fora do pastorado é um grito afobado, às vezes desesperador, mas no âmbito pastoral, no arraial eclesiástico tudo parece estar bem. A atenção primeira é para nós mesmos. É preciso estar em paz com Deus. É preciso buscar a paz com a vida, dominando-a e não sendo dominado por ela. Paulo nos escreve que: “com a força que Cristo me dá, posso enfrentar qualquer situação” (Fp 4.13 – NTHL). Dada à devida atenção, o dever é alimentar o rebanho. De onde vem o alimento? O alimento vem da plantação de Deus, onde Ele colocou a mão. A ação pastoral consiste em alimentar já estando satisfeito. O desafio é dar de comer com disposição, atentando o chamamento, a formação seguida e continuada, sem permitir pausas. A dedicação é também para reavaliações, reciclagem intelectual, e ação pastoral com simplicidade, com diretrizes que exaltam a pessoalidade. Não se devem colocar agrotóxicos no alimento que vem de Deus e passa pelas mãos pastorais. Não é do colhedor o preparo da terra, mas do Semeador. Não haja nunca um ingrediente estranhamente artificial no alimento semeado e colhido, tão somente pelo julgamento em ser saudável para a igreja. Isso significa que não se deve olhar o vizinho (outras casas de pão, de alimento). Aqueles a quem Paulo recomendou, foram orientados ao uso do alimento básico – presente na plantação de Deus. É na horta do quintal da comunidade que tem Cristo como Semeador, que se encontra o alimento simples, nutritivo, e que é servido durante os dois mil anos. Ainda que o modismo eclesiástico busque alimentos “fast-foods”, nada supera a receita do Senhor. Infelizmente, assistiremos muita desnutrição, mas no final da história, somos nós quem escolhemos em qual mesa sentar para ceiarmos até a volta de Jesus.